quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Natal de Paz e Ano Novo de Esperança


  "Eu estou pensando em você porque é Natal
 e eu lhe desejo felicidades.
 E amanhã porque será o dia seguinte ao Natal.
Eu ainda lhe desejarei felicidades.
Eu posso não ser capaz de lhe falar sobre isto diariamente.
Porque eu posso estar ausente, ou nós podemos estar muito ocupados.
Mas isso não faz diferença.
Meus pensamentos e meus desejos estão contigo da mesma forma.
Qualquer alegria ou sucesso que você tenha me fará feliz.
Me iluminará por todo o ano.
Eu desejo a você o espírito de Natal."
                                                                                                                                                                      (Henry Van Dyke)      




Deixa a luz entrar, bater em tua face, iluminar teus dias,
afastar teus medos, trazer a paz, mostrar a esperança...
Que neste Natal traga  nos menores detalhes a magia das cores.
Que o novo ano que chega se molde nas mais belas formas.
Que nossos desejos e planos se tornem verdadeiras conquistas.
Que 2013 parta mansamente levando nossas tristezas. E 2014 chegue cheio de boas energias, renovando nossas esperanças e, principalmente, nossa fé.




  Todo o dia é ano novo

Todo dia é ano novo
entre a lua e as estrelas,
num sorriso de criança,
no canto dos passarinhos,
num olhar, numa esperança.

Todo dia é ano novo
na harmonia das cores,
na natureza esquecida,
na fresca aragem da brisa, 
na própria essência da vida.

Todo dia é ano novo
no regato cristalino,
pequeno servo do mar,
nas ondas lavando as praias,
na clara luz do luar.

Todo dia é ano novo
na escuridão do infinito
todo ponteado de estrelas,
na amplidão do universo, 
no simples prazer de vê-las,
nos segredos desta vida,
no germinar da semente.

Todo dia é ano novo
nos movimentos da Terra
que gira incessantemente.

Todo dia é ano novo
no orvalho sobre a relva,
na passarela que encanta
no cheiro que vem da terra
e no sol que se levanta.

Todo dia é ano novo
nas flores que desabrocham
perfumando a atmosfera,
nas folhas novas que brotam
anunciando a primavera.
Você é capaz, é paz, é esperança.

Todo dia é ano novo
no colorido mais belo
dos olhos dos filhos seus.
Você é paz, é amor, alegria de Deus
Não há vida sem volta
e não há volta sem vida, 
no ciclo da natureza,
neste ir e vir constante,
no broto que se renova,
na vida que segue adiante,
em quem semeia bondade e
em quem ajuda o irmão,
colhendo felicidade,
cumprindo a sua missão.

                              Todo dia é ano novo, portanto,


                             FELIZ ANO NOVO TODO DIA! "

                                    Queridos alunos, ex-alunos e                                                                  seguidores


    Um beijo especial a todos que, de alguma maneira, se fizerem presentes na minha vida em 2013,e que, em 2014,possamos estar cada vez mais ligados em pensamento e em coração. 






quarta-feira, 20 de novembro de 2013

África: memórias e histórias

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem ou por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta". ( Mandela)



Para comemorar o Dia da Consciência Negra, realizamos um trabalho interdisciplinar na escola, onde escolhemos os contos africanos, na disciplina de Português, como forma de conhecer esse universo imaginário.

                                                     Plano de aula

Objetivos:
_ valorizar a leitura como fonte de formação, informação e via de acesso ao mundo da literatura africana;
_ conhecer e aprender a respeitar a cosmovisão africana;
_ valorizar a identidade do sujeito afrodescendente, permitindo-lhe a condição de ser, pertencer e participar de seu grupo étnico, reconhecendo valores de sua comunidade;
_ resgatar os saberes e conhecimento do universo africano;
_  contribuir em sentido amplo, para a promoção da igualdade das relações étnico-raciais na escola e fora dela;

Motivação:
Os alunos foram motivados a partir de uma pesquisa, explorando o site:
                                                              www.acordacultura.org.br
 que mostra informações sobre a cultura negra africana em forma de jogos, livros animados, vídeos, músicas e textos.

Conhecimentos prévios trabalhados :
Alguns conhecimentos prévios auxiliaram no trabalho com os contos africanos, como: elementos da narrativa, caracteristicas do conto, entre outros.

Procedimentos

1ª etapa - Ainda na sala de informática acessaram outros links, onde conheceram vários contos e a fim de escolher um conto africano para ser trabalhado.

2ª etapa - Depois do conto escolhido, retornaram à sala de aula a fim de interpretá-lo e dar-lhe uma nova versão.

3ª etapa - Após o trabalho produzido, foi organizado em um painel fazendo uma mostra com os contos africanos escolhidos e a releitura feita pelo alunos.


Recursos:

cópia dos textos, dicionários, computadores, internet, vídeos, lápis de cor e canetas hidrocor, material de uso diário.

Avaliação:

Os alunos foram avaliados em duplas, de acordo com seu envolvimento e participação no trabalho solicitado, clareza,  criatividade e imaginação na elaboração do conto.


                                                                CONTOS AFRICANOS
         

        










                               PAINEL ORGANIZADO PELOS ALUNOS

                                                            




domingo, 22 de setembro de 2013

Ser Gaúcho




Dia do Gaúcho

Hoje é dia do gaúcho
Pode esquecer do luxo
Apenas bota e bombacha
Com muita simplicidade
É o campo e a cidade
Festejando com alegria
É raiz, não é mania
É tradição de verdade
Aceso fogo de chão
Fartura de chimarrão
De a pé ou de a cavalo
Que importa é este embalo
Nos levando pra o passado
Não para cantar saudade
Mas orgulho por esse Estado
Que criou homens de verdade
Este é o dia do gaúcho
Que ama a sua terra
Do jeito que ela é
Sem ligar para o que falam
É muito grande o sentimento
Que na minha alma eu trago
Estas vaneras de gaita
É amor pelo meu pago



                          LINGUAJAR GAUCHESCO





                    
            




            ACEITAS UM CHIMARRÃO?










              

   PAINEL ORGANIZADO PELOS ALUNOS



O que nos faz sentir orgulho? Parece difícil responder a essa pergunta sem pensar em muitas e muitas coisas.
 Ser gaúcho é estar um passo a frente. É olhar para os campos e ver além do horizonte. É amar esta terra querida, de gente boa valente e aguerrida. Ser gaúcho é tradição, é churrasco, é fandango e chimarrão. É ter nos prados e coxilhas da nossa serra o peão que toca o gado, a mão que trabalha a terra. Ser gaúcho é isto e muito mais. É ter garra e não desistir jamais. Somos um povo criativo e altivo que traz no sangue, um amor incondicional pela nossa terra e mesmo que nossos antepassados tenham origens italianas, alemãs, portuguesas, o certo é, que ao pisar nesta terra, nos unimos e formamos este povo forte e altaneiro, que ama ser chamado de GAÚCHO.


















terça-feira, 3 de setembro de 2013

Atividade de Leitura, Interpretação e Produção de Texto





TEXTO I  

                                                     O Poder da Telinha

     Já houve tempo em que um aparelho de TV na sala de casa era símbolo de status. Nos anos 50, 
quando começaram as transmissões comerciais no Brasil, apenas alguns milhares de residências tinham acesso à novidade. Objeto de consumo tão restrito naquela época quanto hoje é o videofone, a televisão gerou em seus primórdios a figura folclórica do "televizinho" - o amigo da casa ao lado que era convidado ou se convidava, para acompanhar a programação. Em pouco tempo, no entanto, o aparelho se popularizou, chegando aos lares das classes sociais menos privilegiadas. Graças ao avanço da tecnologia, as imagens ganharam cores e as telas puderam ser reduzidas (em formas portáteis) ou ampliadas (nos chamados telões).
     Presente em maior ou menor grau no cotidiano de todos, a TV passou a exercer influência sobre as relações familiares ou sociais. Hoje, é difícil imaginar como seria o mundo se ela não existisse. Habituadas à TV desde a infância, as novas gerações cresceram em um ambiente muito distinto daquele que cercava as crianças da primeira metade do século. A principal diferença encontra-se na maneira de ocupar o dia: antes da TV, havia mais tempo para o convívio com os pais, parentes e amigos, assim como para atividades solitárias como a leitura; hoje, estima-se que as crianças dediquem em média quase a metade do seu período de vigília à televisão, assistindo à programação ou jogando videogames.
     Essa "ladra do tempo" também provoca debates em virtude do conteúdo transmitido. A tela pequena, sobretudo em função da multiplicação  de canais propiciada pela expansão da TV por assinatura, abriga de tudo um pouco: de filmes, telenovelas e desenhos animados a programas de auditório e espetáculos musicais , humorísticos e esportivos. Parte de sua extensa programação tem relevância social e qualidade. Por outro lado, é sem dúvida maior o número de horas diárias dedicadas a material que gera impacto negativo, principalmente sobre as crianças.
     A violência física e psicológica permeia, com maior ou menor intensidade, quase todos os gêneros de programas. Embora os efeitos dessa super exposição sobre o comportamento dos telespectadores não possam ser medidos, é impossível negar que ela contribui para deformar a percepção da realidade. Pessoas que assistem diariamente à TV tendem a acreditar que a sociedade é mais violenta  do que realmente é. Um telespectador cujo conhecimento dos Estados Unidos,  por exemplo, se resuma ao que vê em filmes seriados policiais e programas sensacionalistas estará propenso a acreditar que se trata de um país mergulhado na corrupção e na violência. A televisão cria uma espécie de "mundo paralelo", que muitos associam, de maneira equivocada, à realidade.
A formação de telespectadores conscientes, capazes de "ler" a televisão sob o prisma da ética e da cidadania, torna-se em função disso uma prioridade de que a Escola não pode abrir mão. E o desafio de ensinar seus alunos  a ver televisão com esse olhar crítico exige, antes de tudo, um conhecimento mais aprofundado desse poderoso meio de comunicação.

                                                                                    (Revista Nova Escola)

  
Vocabulário

         * Procure no dicionário o significado das palavras sublinhadas no texto.

Interpretação

1. Qual o objetivo do texto?

2. A quem originariamente era destinado o texto? Como você chegou a essa conclusão? Você acha que o texto só interessa ao público apontado na resposta anterior? Justifique sua resposta.     

3. Por que , segundo o autor, "um aparelho de TV na sala de casa era símbolo de status" nos anos 50? Hoje deixou de sê-lo?    

4. Você considera o ponto de vista adotado pelo autor como favorável ou desfavorável à TV?  

5. O autor procurou dar sua opinião e usou exemplos, comparações, dados, argumentos para fundamentar sua opinião assumida.

a) Segundo ele, o que o leva a considerar a TV algo positivo?

b) O que o faz considerar algo que gera impacto negativo, principalmente sobre as crianças?                                                                                      




TEXTO II

Agora, responda:

1. No 1º quadrinho, Calvin cita uma famosa frase de Karl Marx, em que o filósofo e economista do século XIX opina que a religião teria uma função anestesiante como a do ópio. Tendo isso em mente, analise o 2º quadrinho.

a) Dê o significado de "ópio".

b) Quem faz o comentário? Como você chegou a essa conclusão?

c) Como você interpreta o comentário feito?


2. Analise o gráfico abaixo, em que aparecem os resultados de uma pesquisa com jovens brasileiros entre 12 e 20 anos.

                                                                              (O Estado de S. Paulo. outubro/ 2009)

a) Em que grupo você encaixaria Calvin?

b) Em que grupo você se encaixaria?

c) Você concorda com a avaliação de Calvin sobre os programas de TV? Por quê?

3. Crie uma manchete para noticiar o que acontece no último quadrinho.


4. Leia o comentário feito por uma especialista sobre os dados da pesquisa feita na questão anterior.


     "A TV é entretenimento quando você assiste a um programa que você escolheu. Quando o jovem assiste por inércia, numa espécie de hipnotismo, a TV perde a sua função."


a) A que quadrinho você associaria este trecho?

b) O final da história confirma ou desmente o que diz este comentário?



TEXTO III


                                                         Mafalda e a televisão       
                                                                                      Quino. Mafalda. Folha de S. Paulo/1990


1. Observe os sentidos das palavra "veículo" e responda:

     * Qualquer meio usado para transportar ou conduzir pessoas, carga, etc.
     *  Automóvel
     *  Qualquer meio capaz de propagar ou difundir algo.

a) Em qual desses sentidos a palavra veículo foi empregada no 1º quadrinho, em "veículo de         cultura"?    

b) Em que sentido essa palavra foi empregada no 4º quadrinho, em "saltava do veículo"?


2. A expressão de Mafalda e Felipe no 3º quadrinho sugere que eles estão:
     a) felizes                       c) assustados
     b) tristes                       d)  confusos

3. Por que Mafalda e Felipe ficaram assim?

4. Se a televisão é um veículo de cultura, deveriam transmitir cultura, ensinamentos. Por que Mafalda acha que a cultura deveria ficar longe desse veículo, a televisão?

      a) Porque Mafalda não entende nada de cultura.
      b) Porque a televisão não transmite cultura. 


5. Agora dê sua opinião: a TV educa ou deseduca? Justifique sua resposta.

6. Como você  pode perceber, os três textos apresentam um tema, uma ideia principal. Qual seria a ideia em torno da qual se organizam os textos?



                                                  Produção de Texto


    A televisão é uma democrática janela para o mundo, como dizem seus defensores, ou um perigoso meio de desvirtuar crianças e jovens, como querem seus críticos?

Escreva um texto sobre os pontos positivos e negativos da televisão, defendendo seu ponto de vista.




                                                                                            Bom trabalho!









quarta-feira, 10 de julho de 2013

Formando leitores em sala de aula

 Tudo começa quando o aluno fica fascinado com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a história. 
A leitura funciona como um libertador, pois aquele que lê, imerge no livro, entrelaça-se a ele e o único limite será a imaginação do próprio leitor. É por meio de leitura que se tem uma visão do mundo, que se formulam hipóteses e constroem-se conhecimentos.


"Há quem leve a vida inteira sem nunca ter conseguido ir mais além da leitura, ficando pegados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio. Estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é a que importa". (José Saramago)


ALIMENTE-SE!


                                                                        PLANO DE AULA
                                                            

Objetivos

_ Oportunizar momentos de leitura no intuito de incentivar e despertar o gosto pela leitura, não deixando de atender as necessidades lúdicas e a ligação com o cotidiano das pessoas;
_ compartilhar opiniões, ideias e preferências sobre os livros lidos;
_ desenvolver critérios de escolha e de indicação de livros;
_ desenvolver a capacidade de comentar o que leu;
_ ampliar o repertório literário.


Motivação

Mostrar a importância da leitura, conhecer as mídias e o que elas oferecem, a fim de formar leitores sociáveis, apreciadores e críticos.


Metodologia

1ª etapa: Os alunos dirigiram-se à sala de informática para fazer uso de livros virtuais, explorando e comentando sobre os livros mais lidos, acessando as sugestões abaixo:

                                            www.estantevirtual.com.br
                                            www.livrariasaraiva.com.br
                                            www.tracalivraria.com.br

2ª etapa: Dirigiram-se à biblioteca a fim de explorar e selecionar o seu livro para leitura extraclasse, onde deverão responder a um roteiro de trabalho e fazer a apreciação da obra.  

3ª etapa: Voltaram à sala de aula, onde cada aluno reproduziu o desenho da capa do livro escolhido ou criou outra, relacionando-a com o seu título.

4ª etapa: Montaram um painel no hall de entrada da escola, objetivando incentivar os alunos das outras séries.


Recursos

Livros, DVDs, computadores, internet (programas de leitura), impressora, folhas de ofício, canetas hidrocor, pincel atômico e material de uso diário.

Avaliação

A avaliação envolverá pesquisa, relatos orais dos trabalhos, atitudes de socialização e participação na biblioteca e sala de informática, valorizando as respostas do roteiro solicitado e exigindo interesse e busca pela construção do conhecimento por parte de cada aluno. 



Fotos do painel na entrada da escola














domingo, 5 de maio de 2013

A Tragédia Observada de Perto


 Algumas coisas mudam a vida da gente. Nada será como antes. Participar da cobertura da tragédia da boate Kiss, em Santa Maria (RS), me fez ver que sempre se pode ajudar o próximo. Enquanto autoridades, policiais e donos da casa noturna estavam preocupados em minimizar o impacto das 236 mortes perante a opinião pública, conheci a solidariedade na essência da palavra. Talvez nunca mais presencie tamanho desapego. Só assim, pude suportar o ar pesado que encontrei na cidade de 260 mil habitantes, 30 mil deles envolvidos no meio universitário. Não imaginava ver pessoas com vergonha de esboçar alegria, enquanto centenas tinham perdido o que mais tinham de valor na vida.
Eu e o fotógrafo Daniel Queiroz, do Notícias do Dia, e o repórter Tony Borges e o cinegrafista Diego Tonnera, da RICTV, partimos no domingo, dia 27 de janeiro, para uma jornada de oito horas, sem saber o que encontraríamos pela frente. Naquele momento, sabíamos que 236 pessoas tinham morrido, mas os motivos do incêndio eram desconhecidos.
Logo na chegada, nos deparamos com centenas de pessoas em um cemitério. Nossa primeira parada ocorreu no Hospital de Caridade, onde estava a maior parte dos feridos. Tínhamos que conversar com um sobrevivente que ajudou a retirar inúmeros amigos do interior da danceteria. Sem autorização para entrar no setor de emergência, conversei com Bruno por telefone. No outro lado da linha, percebi alguém debilitado. Cada palavra que ele pronunciava, seguia-se de uma longa respiração. Bruno foi vítima de uma arma mortal, a fumaça tóxica expelida das espumas de proteção acústica da casa noturna.
Na capela mortuária, foi possível entrar em sintonia com o drama dos moradores da cidade. Eram cinco salas, cada uma com uma família aos prantos, sem saber como seria o próximo dia. Foi apenas a primeira cena de choro coletivo que veríamos na cidade.

Contato com a família
Duas horas. Esse foi o tempo de descanso entre domingo e a segunda-feira. No segundo dia foi possível ver o tamanho da repercussão do incêndio. Equipes de TVs, rádios e jornais do país inteiro estavam em Santa Maria.
Mais de 24 horas após o incêndio, o cheiro de queimado era fortíssimo na Rua dos Andradas, 1.925. Atrás da fita de isolamento, muitos ainda se perguntavam o que havia ocorrido. Na praça central, a Saldanha Marinho, o assunto era monotemático. Todos estavam chocados e comovidos com o drama. O fato dos mortos terem entre 18 e 24 anos, era lamentado em cada canto.

Comoção de 35 mil pessoas em passeata
Duas manifestações de familiares e moradores emocionaram até quem estava ali a trabalho. Não houve como ficar imóvel diante de tamanha comoção. Mais de duas mil pessoas lotaram a praça Saldanha Marinho para participar de um culto ecumênico em homenagem às vítimas. Os trajes eram roupas brancas, simbolizando a paz, ou pretas, estampando o luto. As imagens desse protesto marcaram, mas logo perderam um pouco da importância.
Na segunda manifestação, não restava dúvidas que essas pessoas conseguiriam pedir justiça para o mundo todo. Embalados por um “Pai Nosso”, 35 mil pessoas que seguiam para a frente da boate Kiss me arrastaram. Ali havia se formado um memorial em homenagem aos mortos.
Pela manhã, lembro que havia apenas dois vasos. À noite, o número disparou. Durante a caminhada, dezenas de pessoas ligadas às vítimas depositaram objetos, fotos e flores no local. A cada item deixado no memorial, uma cerimônia que poderia ser em silêncio ou com gritos dependendo do estado emocional de cada uma.
Uma cena em comum marcou tanto a mim quanto ao Daniel Queiroz. Quando seguíamos para o hotel para enviar fotos e textos, uma jovem era amparada. Ela chorava e gritava: “Quero meu amor”. O choro foi abafado por milhares de palmas para confortar a jovem.





Misto de alegria, dor e esperança
Nosso retorno para Florianópolis estava previsto para a manhã de terça-feira, mas resolvemos ficar. A dupla da televisão preferiu seguir viagem. A maioria queria partir e esquecer as cenas de filme de terror.
Antes de partir, Toni Borges foi pela última vez ao local da tragédia. Naquele dia, a polícia permitiu o acesso de jornalistas até a porta da Kiss. Enquanto narrava a história, ele contou, já em Florianópolis, que chorou pela primeira vez. Não havia como passar imune a tanta dor.
Na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), todos estavam consternados com a perda de 101 estudantes. Muitos moravam na Casa do Estudante. Encontramos histórias tristes, funcionários e professores sem saber como retomar as aulas, suspensas até segunda-feira. Não há clima, mesmo que os trabalhos e provas tenham que ser adiados também.

Lágrimas ficaram em Santa Maria
O último dia em Santa Maria foi mais ameno. Reservamos o tempo para arrumar malas, reunir equipamentos e acertar horário da viagem. Ainda assim, havia muito a ser feito. Durante a madrugada, 15 pessoas foram hospitalizadas com suspeitas de intoxicação pela fumaça. A previsão é que os casos poderiam ocorrer até 72 horas após o acidente.
Por volta das 11h45, estávamos prontos para deixar a cidade. Eu com uma dor na garganta que persistiu desde o segundo dia. Acreditei que era de tanto segurar o choro. Em Florianópolis o médico amenizou e disse que era devido ao ar-condicionado do hotel.
Parecia que estávamos chegando e não partindo, dias depois do incidente. A expressão das pessoas ainda reflete a tristeza. Os olhares continuam focados no vazio. O ar permanecia pesado. Quando saímos da cidade, deixei escorrer as únicas lágrimas da cobertura. Ali podia. Naquele momento não estava mais o jornalista, mas sim um ser humano que acompanhou de perto a maior tragédia do Rio Grande do Sul, estado natal que deixei há 16 anos.

                      Éverton Palaoro (repórter do jornal Notícias do Dia), relatou o que viu e ouviu durante a cobertura da semana em Santa Maria- RS)