terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo


Quero um feliz ano novo em que, no campo, todos tenham seu pedaço de terra, onde vicejem laranjas e alfaces e voejem bem-te-vis entre vacas leiteiras. Na cidade, um teto sob o qual reluza o fogão de panelas cheias, a sala atapetada por retalhos costurados, a foto colorida do casal exposta em moldura oval sobre o sofá.     
Espero um ano novo em que igrejas abram portas ao silêncio do coração, o órgão sussurre o cantar dos anjos, a Bíblia seja repartida como pão. A fé, de mãos dadas com a justiça, faça com que o céu deixe de concentrar o olhar daqueles aos quais é negada a felicidade nesta terra.
Desejo um ano novo em que os sonhos libertários sejam tão fortes que os jovens, com o coração a pulsar ideais, não recorram à química das drogas, não temam o futuro nem se expressem em dialetos ininteligíveis.
Espero um ano novo em que cada um de nós evite alfinetar rancores nas dobras do coração e lave as paredes da memória de iras e mágoas; não aposte corrida com o tempo nem marque a velocidade dos segundos pelos batimentos cardíacos.
Quero um ano novo em que a cada um seja assegurado o direito do emprego, a honra do salário digno, as condições humanas de trabalho, as potencialidades da profissão e a alegria da vocação.
 Quero um ano novo de livros saboreados como pipocas, o corpo menos entupido de gorduras, a mente livre do estresse. Um ano novo em que a competitividade ceda lugar à solidariedade; a acumulação à partilha; a ambição à meditação; a agressão ao respeito; a idolatria ao dinheiro, ao espírito das bem-aventuranças.
Aspiro a um ano novo de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de alimentos despoluídos. Um ano novo que seja o último da Era da Fome. Um ano novo tão novo que que traga a impressão de que tudo renasce: o dia, a exuberância do mar, a esperança e a nossa capacidade de amar.                
                                                                                                                                                (Frei Betto)














quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Então, é NATAL...

                                            

                                              
É tempo de paz e amor
porque as sementes germinam, as plantas florescem, as
estações do ano retornam sempre. E é possível que uma
voz conhecida anuncie que os povos se deram as mãos e
estão planejando juntos o futuro, com o corpo desarmado
e o espírito pronto e aberto.

É tempo seguro
porque as pessoas não estão mais sós. E todos juntos de
mãos dadas vamos ao encontro da luz da aurora. E de repente
nos damos conta que vivemos juntos, e que é preciso
conquistar um sentido para a vida.

É tempo de esperança
porque os amigos vieram para dizer que os olhos refletem
a luz do espírito. E um menino declarou à sua amada que 
a flor da vida abriu esplêndida.

É tempo de viver com amor
porque esta é a condição para que se conquiste a liberdade
com sentido.

É tempo de beleza                                                                                      
porque em algum lugar uma estrela leva a um berço,
e as crianças estão brincando. E o menino que nasceu
veio para querer bem, e haverá de proclamar                                              
que a vida tem sentido.

É tempo de alegria
porque é Natal.
Este é o nosso tempo.